quarta-feira, 25 de junho de 2014

APLV - DESCONFIE DE APLV SE:

Desconfie de alergia a leite de vaca se...

1 – Bebê amamentando exclusivamente, complementado ou em uso exclusivo de fórmula, saudável e com crescimento normal, começa a apresentar sangue nas fezes. Desconfie de APLV. Nesses casos, é importante descartar infecções e parasitas. Exames de fezes podem ajudar (pesquisa de sangue oculto, alfa 1 antripsina, pesquisa de elementos anormais – hemácias, muco, leucócitos e substâncias redutoras). É importante consultar um bom gastropediatra. Episódio isolado de sangue nas fezes não significa alergia.

2 - O bebê chora muito. O choro geralmente vem em qualquer hora do dia e pode vir principalmente durante ou após as mamadas (peito ou mamadeira). Dicas como a extero-gestação, muito colo, sling, amamentação em livre demanda, vigiar as sonecas do bebê (não deixa-lo muito tempo acordado – quanto menor, maiores as necessidades de sono) podem ajudar. Não descarte essas possibilidades, pois o sono é essecial para os bebês. Se ainda assim seu bebê chora muito, desconfie da APLV. Às vezes, esse é o único sintoma.

3 - O refluxo gastroesofágico rebelde. Bebê com regurgitação frequente, volumosa e desconfortável, que ocorre não só logo após a mamada, mas também afastada da mesma; o bebê frequentemente larga o peito ou a mamadeira, arca o corpo para trás e chora; o aumento do peso pode não ser o ideal. O tratamento para refluxo não é eficiente. Ainda que o bebê não regurgite, mas se fica muito irritado, especialmente após as mamadas, parece que está mascando chiclete, ou que tem dificuldade de engolir. As medidas posturais (manter o bebê na vertical após as mamadas, não apertar a barriguinha, amamentar em livre demanda) não ajudam. Desconfie de APLV.

4 - Diarréia prolongada e vômitos em jato. Bebê alimentando com leite materno e/ou em mamadeira começa com diarréia (aumento do número de evacuações, aumento do volume de cada evacuação, fezes se tornam cada vez mais líquidas) que se vai agravando, distensão abdominal, emagrecimento ou ganho de peso insuficiente, vômitos frequentes após à mamada (geralmente em jatos e em grande quantidade – é preciso trocar toda a roupa do bebê). Desconfie de APLV. Nesses casos, é importante descartar infecções e parasitas. Exames de fezes podem ajudar (pesquisa de sangue oculto, alfa 1 antripsina, pesquisa de elementos anormais – hemácias, muco, leucócitos e substâncias redutoras).

5 – Sintomas imediatos. De poucos minutos a algumas horas após a ingestão, a boca fica inchada, a criança fica letárgica, desmaiada, pode aparecer urticária, corrimento nasal, chiado e, pouco depois, vômito; mais tarde, evacuações diarreicas. Desconfie de APLV. Essa situação é grave e exige atendimento médico imediato.

6 – Sintomas respiratórios. Seu filho parece que vive gripado, nariz escorrendo ou entupido, bastante secreção, tem asma, chiado, toma antibióticos com frequência, a parte respiratória “vive complicando” e não responde a tratamentos para ácaros e outros alérgenos respiratórios. Desconfie de APLV.

7 – Constipação rebelde. Criança com constipação (fezes ressecadas, menos frequência nas evacuações, que geralmente são feitas com dificuldade) que não reage bem a uma dieta com mais fibras e medicamentos adequados. Não confundir com a pseudoconstipação do lactente (bebê em aleitamento materno exclusivo pode ficar muitos dias sem evacuar – isso é normal e não exige qualquer tratamento, desde que suas fezes não estejam ressecadas). Desconfie de APLV.

8 – Eczemas e dermatites. Se seu filho costuma ter descamações, vermelhidão e coceiras na pele, aspecto de pele áspera, especialmente nas dobras e atrás das orelhas, desconfie de APLV.

Algumas questões práticas

1. Apesar de haver uma dificuldade de ser fazer o diagnóstico em alguns casos, é importante ressaltar que nem tudo é alergia ou reação alérgica, mesmo em bebês já diagnosticados. Mesmo bebês sem alergia precisam ter muitos cuidados com seu sono, essencial para seu desenvolvimento.

2. Valorizar a atopia familiar (história de alergias alimentares ou de outros tipos, rinite, asma e eczema) ajuda no diagnóstico de alergia.

3. O melhor diagnóstico é baseado na história clínica e nos testes de supressão do alimento - melhora estável - reintrodução - recaída.

A conduta é excluir o leite de vaca e derivados e qualquer produto ou alimento que os contenha da dieta. Se o bebê recebe leite materno, a mãe deve fazer a dieta. Se o bebê recebe fórmula, a mesma deve ser substituída inicialmente por fórmulas extensamente hidrolisadas ou fórmulas de aminoácidos.

Não utilizar em nenhuma hipótese leites de outros mamíferos, leites sem ou com baixa lactose, leites parcialmente hidrolisados (ex. nan HA). A soja não deve ser usada em menores de 6 meses e em qualquer idade se os sintomas forem gastrointestinais.

Nos casos de sintomas gastrointestinais ou tardios, somente considere retirar outros alimentos da dieta, em caso de não haver melhora significativa somente com a retirada de LV após 8 semanas.

4. Teste cutâneo e RAST são inúteis nas alergias do tipo retardado; podem ser úteis nos casos de alergia imediata em que o alérgeno é duvidoso. Lembrar que ainda assim, resultados negativos podem ser falsos e resultados positivos de valores baixos também podem ser falsos. A clínica é soberana.

5. Nos casos de alergia imediata ao leite de vaca, todo cuidado é pouco. O risco de choque anafilático é grande e é preciso atendimento médico imediato.

6. Procure a orientação de um bom gastropediatra ou alergista, que é o profissional apto a fazer o diagnóstico e conduzir o tratamento.

Texto: Fernanda Mainier Hack
GRUPO: Meu Filho é Alergico a Leite (MFAL)https://www.facebook.com/groups/161230017321963/

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...