quarta-feira, 30 de julho de 2014

Manual para aleitamento de prematuros

Olá, meninas

Ultimamente tenho visto alguns posts de mães de bebês prematuros, assim como a minha pequena Mônica, que nasceu de 32 semanas de gestação.
Por isso, vou postar aqui material sobre nossos pequenos, pois ainda é difícil encontrar na internet material confiável, de acordo com os princípios dessa comunidade, e que tragam informações além das que já sabemos: que se o LM é importante pra bebês nascidos a termo, mais ainda para os prematuros.

Com isso, posto o link pra o "Manual instrucional para aleitamento materno de recém-nascidos pré-termo", de autoria de:
Angela Midori Matuhara (Enfermeira da UCINE –Unidade de Cuidados Intensivos Neonatal do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo) e Masuco Naganuma (Professor-adjunto do Departamento de Enfermagem da UNIFESP)


Os trechos mais relevantes para nós, pois ele faz parte de uma Dissertação de Mestrado ( então não vai "direto ao ponto") são os que destaco abaixo.

Beijos a todas e força para seguirmos nossos instintos de mamíferas :o)
Gabriela Silva


Manual instrucional para aleitamento materno de recém-nascidos pré-termo*

Introdução
O aleitamento materno de prematuros (RNPT) é menos frequente que o de recém-nascidos de termo, devido à imaturidade das crianças e aos distúrbios que costumam apresentar após o nascimento. Estas limitações, porém, não constituem um obstáculo definitivo, e alguns programas de estímulo à prática da amamentação de prematuros têm logrado aumentar significativamente a taxa de amamentação. De modo geral, estas crianças permanecem por períodos prolongados nas unidades neonatais, onde o estímulo à prática da amamentação deve ter início.

A partir destas constatações e da falta de um programa estruturado de ensino dirigido às mães de prematuros quanto ao valor e à prática da amamentação, foi redigido um manual específico. O manual, descrito na seqüência do texto, contém informações encontradas na literatura, e tem como objetivo a programação e estímulo ao aleitamento nas Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) e serviços ambulatoriais que atendam aos prematuros. O manual foi utilizado em caráter experimental por enfermeiras em uma UTIN, como relatado no artigo seqüente desta Revista, e poderia ser utilizado por outros profissionais da área da saúde.

Primeira sessão – a importância do leite materno

O leite materno é o alimento ideal para o bebê, fundamental para a saúde e desenvolvimento da criança, devido às vantagens nutricionais, imunológicas e psicológicas, além de originar proveito para a mãe. O RNPT tem necessidades nutricionais especiais decorrentes de sua velocidade de crescimento e de sua imaturidade funcional.

Vantagens nutricionais: segundo o Ministério da Saúde(2001), o leite materno contém todos os nutrientes que um recém-nascido de termo necessita para os 4-6 meses de vida.

Em relação aos prematuros:
O leite materno oferece maior quantidade de proteína e tem relação caseína/lactoalbumina mais adequada do que o leite de vaca, 30% na forma de caseína e 70% de lactoalbumina. A fração lactoalbumina é digerida com mais facilidade, promovendo o esvaziamento gástrico mais rápido.

• O leite materno contém hidratos de carbono constituídos por lactose e oligossacarídeos. A capacidade de absorção da lactose pelo prematuro é
superior a 90%. Os oligossacarídeos são polímeros de hidratos de carbono com estrutura que mimetiza receptores antigênicos bacterianos, estimula o sistema imune e, assim, protege a mucosa da ação de bactérias.

• O leite materno tem lipídios que constituem 50% do teor calórico ofertado e composição particularmente adequada ao metabolismo do prematuro. A digestão e a absorção dos lipídeos são facilitadas pela estruturação da gordura em glóbulos, pela composição de ácidos graxos, elevada em ácido palmítico, oléico, linoléico e linolênico, e pela presença de lipase no próprio leite, cuja ação é estimulada pelos sais biliares. Adicionalmente, o leite humano contém ácidos graxos de cadeia longa, como o ácido araquidônico e o docosaexaenóico, que estão associados à cognição, ao crescimento e à visão. Os ácidos graxos ômega 3 do leite materno são essenciais para que haja desenvolvimento normal da retina, em especial nos RN de muito baixo peso. Estes ácidos, juntamente com as substâncias antioxidantes vitamina E, β-caroteno e taurina, podem explicar a proteção oferecida pelo leite materno contra o desenvolvimento da retinopatia da prematuridade.

• O leite materno contém vitamina A, importante na proteção do epitélio respiratório quanto à displasia broncopulmonar. A quantidade é maior no leite de mães de prematuros do que nas de RN a termo entre o 6º e o 37º dias de vida, com posterior redução. A concentração de vitamina D no leite de mães
de prematuros é baixa e tem sido considerada insuficiente para as necessidades dos mesmos. Em relação à vitamina E, o leite da mãe do prematuro apresenta uma concentração maior em comparação ao leite da mãe de recém-nascido a termo.

• O leite materno possui baixa concentração de ferro que pode não suprir a necessidade da criança. A suplementação deve ser iniciada após os dois meses de idade.

• O leite materno possui eletrólitos, com maior concentração de sódio no leite materno de prematuros e menor de potássio.

Vantagens imunológicas:
O Ministério da Saúde (2001) refere que crianças em aleitamento materno têm
menos quadros infecciosos respiratórios e digestivos, conferido pelos fatores antiinfecciosos.

Em relação aos prematuros:

• As concentrações de lactoferrina, lisozima, IgA e complemento são maiores no colostro de mães de recém-nascidos com idade gestacional menor do que 37 semanas.

• A IgA é a principal, porém não é a única imunoglobulina do leite materno. Sua principal função é bloquear a aderência de diversos agentes infecciosos às células intestinais.

• A lactase do leite promove a colonização intestinal com Lactobacillus sp., por sua vez estas bactérias fermentativas promovem a acidificação do trato gastrintestinal, inibindo o crescimento de bactérias patogênicas, fungos e parasitas; a acidificação também facilita a absorção intestinal de cálcio e ferro.

• O leite materno contém glutamina, arginina, e a acetil-hidrolase do PAF (fator ativador de plaquetas). Estas substâncias têm ação antiinflamatória e explicam, em parte, o efeito protetor do leite materno para a enterocolite necrosante, que habitualmente é mais incidente nos prematuros.

• Há células protetoras no leite materno que são estimuladas pela presença da mãe na UTIN; o estímulo ocorre, sobretudo, no leite ofertado aos prematuros.

Vantagens psicológicas:
O aleitamento materno facilita o estabelecimento do vínculo afetivo entre mãe e filho, uma maior união entre ambos. Esta ligação emocional pode facilitar o desenvolvimento da criança.

Vantagens econômicas:
A praticidade do leite materno é inquestionável, pois não há necessidade de misturar, aquecer ou esterilizar; ele está sempre disponível, na temperatura adequada.

Vantagens maternas:
Em relação à saúde da mãe e bem-estar, a amamentação apresenta vários benefícios:
 • Há evidências de que a lactação promove rápida perda de peso da nutriz, essencialmente no primeiro mês pós-parto.

• Efeito contraceptivo durante a amamentação exclusiva ao seio.

• Ao longo prazo, as mulheres que amamentaram têm menor risco de osteoporose, menor incidência de câncer de mama na pré-menopausa, e de câncer de ovário.

Há variações nutricionais e imunológicas do leite materno, que dependem do estágio da lactação, do horário, do período da mamada, da alimentação e idade maternas, da idade gestacional da criança, bem como das características individuais de cada nutriz.
Porém, o leite materno é apropriado para o bebê, especialmente quando é nascido prematuro.
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